As famílias de viticultores da Serra Gaúcha vivem uma situação muito peculiar.Seu produto:a uva ,é tratado como como se fosse uma commodity .A uva não é uma commodity como a soja ,por exemplo.A soja,o café,o açúcar e vários outros produtos que transitam pelos países em busca de mercado tem seus preços decididos por 4 ou 5 homens de terno e gravata que nunca plantaram uma muda de qualquer espécie.
O mercado ao querer tratar a uva segundo as leis do capitalismo,coloca os produtores numa situação bastante desconfortável,quase insólita.Se o produtor deixar os vinhedos sobrecarregados de cachos para compensar o preço ridículo que lhe é pago pelas suas uvas,estas não atingirão o grau babo mínimo necessário exigído pela grande fábrica de vinhos .Por outro lado,se o viticultor realizar uma redução drástica de produtividade aliada a outros tratos culturais modernos,resultando em uvas excepcionais ,o preço destas não subirá de maneira proporcional.
Não é de se estranhar que os filhos dos camponeses estão abandonando o campo e indo buscar uma sorte melhor na cidade,sem falar nas várias propriedades que estão sendo colocadas à venda,o que vai resultar numa transformação da paisagem.Onde hoje há vinhedos,amanhã haverá condomínios de luxo decretando com isso,o fim do enoturismo na região A saída para esta situação me parece bastante óbvia .Já existem alguns exemplos de sucesso a serem seguidos na própria serra mesmo,como é o caso da família Pizzato ,dos Carraro,e tantas outras famílias que estão fazendo seu próprio vinho em verdadeiras boutiques enológicas com uma marca própria,um bom trabalho de marketing .
Porém,nem todas as pessoas tem o mesmo empreendedorismo e a mesma motivação para começar um projeto do ponto zero.Arrancar latadas de uvas americanas ,plantar espaldeiras de vitiviníferas européias ,construir um cantina,comprar tanques de inox,barricas de carvalho ,contratar um técnico esperar a primeira colheita,fazer o vinho ,promover a marca...Ufa!!!!
É justamente nestes casos,que uma ação do governo,através do BNDES,seria de vital importância para o resgate da tradição deste povo.
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