Por David White
No início do mês no condado de Sonoma, na Califórnia, 17 enólogos se juntaram para uma degustação de vinhos que eles chamaram de “A Solução 7 Por Cento”.
Como os organizadores explicaram, “basicamente 93 por cento da área plantada dos vinhos do norte da Califórnia é ocupada por oito das maiores uvas varietais. O restante 7 por cento agrupa diversas varietais menos conhecidas, que estão encontrando eco entre um pequeno, mas crescente, número de vinicultores”.
O evento possibilitou aos consumidores explorar os vinhos que estão sendo produzidos por revolucionários enólogos da Califórnia – aqueles que estão prontos a abraçar uma enorme área e um clima variado ao evitar as uvas populares e engarrafar as pouco conhecidas. Seja produzindo varietais incomuns ou explorando regiões pouco divulgadas, estes vinicultores estão comemorando.
Há certas regiões da Califórnia que podem ser mais adequadas à, digamos, Albarino do que à Chardonnay, portanto, isto faz todo sentido. Em todo o mundo, vinhos comerciais são produzidos a partir de 1,368 diferentes variedades de uvas. Desafia a lógica assumir que as uvas nativas do centro da França vicejarão em todos os novos vinhedos do mundo.
Este tópico foi explorado este ano durante uma conferência de Joseph Fiola, professor catedrático da Universidade de Maryland, para a Drink Local Wine. Ele passou mais de 25 anos pesquisando e ensinando sobre vinicultura experimental.
Durante sua palestra, Fiola enalteceu bastante o Velho Mundo por seu compromisso com variedades cultivadas que estão adaptadas às condições locais de cultivo.
“As variedades locais vêm sendo cultivadas por centenas, talvez milhares de anos”, explicou. “Ano sim, ano não, elas amadurecem. Ano sim, ano não, os enólogos podem controlar a produção. Naquelas áreas eles sabem como cultivar as uvas; eles sabem como fazer bons vinhos. E são as uvas locais que são as melhores. Eles não cultivarão a Cabernet Sauvignon em toda a Itália porque as pessoas sabem o nome!”.
Fiola comparou o clima do sul da Itália ao clima do sul de Maryland. No entanto, reconheceu a tentação de se concentrar em variedades conhecidas.
“Tente convencer uma vinícola de Maryland que tem de se preocupar com o marketing para pessoas que mal podem pronunciar Chardonnay a vender Nero d’Avola, Negroamaro, Sagrantino?”, ele perguntou, nomeando três variedades da Itália pouco conhecidas aqui. “Isto representa um desafio”, admitiu.
A Europa tem uma vantagem, é claro. O continente vem produzindo vinho há milhares de anos, então os vinicultores entendem quais uvas rendem melhor em determinados locais. Na França, por exemplo, os vinicultores em Burgundy sabem como se concentrar na Pinot Noir e na Chardonnay. Assim como os vinicultores alemães reconhecem que a Riesling viceja na região do Mosel, e os produtores espanhóis têm consciência de que a Albarino viceja melhor na Galícia.
A produção de vinhos nos Estados Unidos ainda está iniciando. Mas os produtores de vinhos sabem que os consumidores americanos gostam de Cabernet Sauvignon, Chardonnay, Merlot, Pinot Noir e Sauvignon Blanc, portanto, é o que eles produzem mais. Apenas os vinicultores mais corajosos evitariam estas variedades.
Um destes vinicultores corajosos é Matthew Rorick, da Forlorn Hope, que elaborou a degustação em Sonoma. Desde 2005, ele vem produzindo “criaturas raras de denominações desconhecidas e variedades incomuns”.
Suas “criaturas raras” são realmente extraordinárias. Ele produz tintos deliciosos com a Sangiovese e a Barbera, duas uvas italianas que poucos fabricantes de vinhos da Califórnia levam a sério. Ele produz um Verdelho delicioso, um vinho branco geralmente associado com Portugal. Ele produz o único vinho do país 100 por cento St. Laurent, um tinto instigante e altamente aromático que é quase impossível encontrar fora da Áustria e da República Checa. Anualmente, ele elabora mais de uma dezena de vinhos diferentes – e virtualmente todos são produzidos em pequenas quantidades, menos de 2,500 garrafas.
O fato de 17 vinicultores como Rorick ter sido capaz de encher um salão num final de semana é um testemunho de que está aumentando o número de vinicultores que estão prontos a assumir riscos. E, talvez ainda mais importante, os consumidores americanos estão sentindo-se mais confortáveis em explorar o desconhecido.
Fonte : http://www.acheiusa.com/
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