segunda-feira, 7 de maio de 2012

O TERROIR DA CAMPANHA GAÚCHA E OS VINHOS DA ESTÂNCIA GUATAMBÚ



A vitivinicultura na região da Campanha remonta à década de 70, quando pesquisadores da Universidade de Davis, na Califórnia, juntamente com pesquisadores da Universidade Federal de Pelotas identificaram uma larga faixa de terra na fronteira do Brasil com o Uruguai, de aproximadamente 270 mil hectares, naturalmente vocacionada para o cultivo de uvas viníferas. Desta forma, a empresa americana National Distillers investiu US$ 25 milhões no Projeto Almadém e foi pioneira na implantação da atividade em 1974, em Santana do Livramento.
Os atributos edafo-climáticos da região da Campanha, na qual localizam-se os municípios de Dom Pedrito, Livramento, Bagé, Candiota e Pinheiro Machado, entre outros, mostram a inegável aptidão da região para a atividade vitivinícola. A alta insolação que ocorre na região nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (acima de 740 horas), unido à ocorrência de baixas precipitações nesse período (abaixo de 330 mm), geram o Quociente heliopluviométrico de maturação (QM) superior a 2,2. Este quociente, que nada mais é que o somatório de insolação (horas) dividido pelo somatório da precipitação (mm), indica que quanto mais alto for, maior é a aptidão da região para o cultivo de uvas viníferas. Na tabela 1 é possível verificar que os municípios da metade sul do estado apresentam o QM maior que a tradicional região produtora de uvas viníferas, a Serra gaúcha, representada na tabela por Caxias do Sul. Esses atributos, aliados a ocorrência de horas-frio e amplitude térmica que atendem as exigências da cultura, permitem a obtenção de uvas com maior graduação glucométrica (o grau Babo, que é a percentagem de açúcar do mosto) e com maturação fenólica, características necessárias para obtenção de vinho de qualidade. 
Através destes argumentos, a Estância Guatambu apóia a vitivinicultura na região da Campanha e começou em 2003 a implantar vinhedos de uvas finas, visando diversificar a atividade agrícola da propriedade e explorar seu potencial edafo-climático. O vinhedo localiza-se na Estância Leões, tendo como coordenadas geográficas 30°58" S e 54°29" WO, a 260m de altitude, incluindo-se na faixa das melhores zonas para vitivinicultura mundial. Em 9 ha são cultivadas as tintas Cabernet Sauvignon, Tempranillo, Merlot e Tannat, e as brancas Chardonnay, Sauvignon Blanc e Gewürztraminer. Seguindo a filosofia da empresa de gerar produtos de qualidade, os vinhedos são cuidadosamente planejados e manejados conforme as tecnologias mais modernas que existem em viticultura. As mudas são importadas da França e Itália e conduzidas no sistema espaldeira.
Situada no coração do pampa gaúcho, na fronteira com o Uruguai, a produção das uvas é marcada por um terroir com mais de 2.300 horas de luminosidade durante o período vegetativo da videira e escassez de chuvas no verão, garantindo a maturação fenólica das uvas e a opulência de seus vinhos.
Conforme o geólogo Enio Soliani, o solo deriva de granulitos, rocha metamórfica de alto grau, geologicamente uma das mais antigas do Rio Grande do Sul, cujas frações originais apontam para uma idade de cerca de 2,6 bilhões de anos, com transformações metamórficas acontecidas há 2,1 bilhões de anos sob condições físicas de temperatura e de pressão condizentes com uma profundidade crustal da ordem de 35 km. A produção de vinhos em pequena escala é supervisionada por Gabriela Hermann Pötter, Eng. Agrônoma, Msc. em Ciência e Tecnologia de Alimentos, membro da terceira geração da família proprietária da Estância Guatambu. A utilização de modernas técnicas agrícolas, como o desfolhe nas variedades tintas, potencializa a produção dos polifenóis, os antioxidantes da uva que conferem imensos benefícios à saúde.
 Em 2007 a Guatambu firmou uma parceria com a Embrapa Uva e Vinho, com o objetivo de estudar e caracterizar o potencial da região da Campanha para a vitivinicultura. Fruto desta parceria, foi produzido o primeiro vinho Cabernet Sauvignon da Estância, que destacou-se ficando entre os 30% superiores da safra 2008 na Avaliação Nacional dos Vinhos. Em comemoração aos 50 anos da Guatambu, o vinho Rastros do Pampa foi lançado em 2009, obtendo ampla divulgação na mídia especializada e sendo um sucesso de comercialização.
Em 2010, a Guatambu lançou dois vinhos brancos especiais: o gewürztraminer Luar do Pampa e o Sauvignon Blanc Ecos do Pampa. No mesmo ano, foi lançado também o famoso Rastros do Pampa Premium 2009, que recebeu Medalha de Ouro no 6º Concurso Internacional “Emozioni dal Mondo”, de vinhos Cabernet e Merlot, realizado em Bergamo, na Itália. O vinho também recebeu Medalha de Prata no V Concurso Internacional de Vinhos do Brasil 2010, e foi o Cabernet Sauvignon mais bem pontuado no projeto de degustações harmonizadas do Ibravin denominado “Para Saber o Sabor dos Vinhos do Brasil, além de ser selecionado entre os 30% superiores na 17ª Avaliação Nacional dos Vinhos.


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