Viajar à Serra gaúcha,percorrer a rota enoturística tradicional, visitar as médias e grandes vinícolas com suas mega hiper assépticas estruturas e seus gigantescos tanques de aço inoxidável aparelhados simetricamente,pode até ser um programa interessante para alguns enófilos ,mas não é o meu caso.
Forma-se um grupo de pessoas,paga-se uma taxa,marca-se um horário,tudo muito certinho,tudo muito organizadinho.Quando chega o momento,um enólogo da casa leva o grupo para conhecer os parreirais e faz uma palestra sobre o quão maravilhosas são suas uvas,depois o grupo é levado para o interior da grande fábrica para conhecer o processo de fabricação do vinho .Novamente o enólogo e guia novamente exalta o quão maravilhosa é a tecnologia de última geração empregada em sua maravilhosa indústria.
Definitivamente esta não é a minha Serra gaúcha.Eu não vou sair da minha casa na em São Paulo ,embarcar num avião,pegar um ônibus até a Serra gaúcha para conhecer fábricas.Eu quero conhecer o lado B da Serra gaúcha,quero percorrer as estradinhas de terra que cortam os parreirais anônimos de viticultores mais anônimos ainda,quero conversar com eles,perguntar sobre suas vidas,suas dificuldades,quero provar seus vinhos,feitos nos porões de pedra .A grande maioria destes vinhos são vinhos coloniais feitos com uva americana,feitos de maneira bem rudimentar,mas há também boas surpresas,como é o caso de alguns viticultores que mantém um pedaço do terreno plantados com peverella e fazem um vinho bem peculiar com esta casta vinífera .
Outra grata surpresa é o meu amigo Eduardo Zenker,ele mora em Garibaldi e tem dois hectares de vinhedos no município de Carlos Barbosa onde planta pinot noir e chardonnay .Zenker produz seu próprio vinho a dez anos.Antes ele comprava uvas de viticultores amigos e vinificava em sua garagem,agora ,com vinhedo próprio,seu sonho está completamente realizado.Zenker,como a maioria dos bons viticultores do mundo,é um autodidata e faz seus vinhos movido apenas pela paixão,acorda cedo todos os dias e chega cansado ao final de cada dia de muito trabalho.Este é o verdadeiro vinho de agricultor,tão cultuado na Borgonha e que não tem o mesmo respaldo aqui em nosso país.
Os vinhateiros no velho mundo são muito valorizados e admirados. no Brasil, apenas a burocracia que enfrentam para comercializar seus vinhos já os esconde. Uma pena, pois valeria a pena encontrar esses vinhos brasileiros à venda, teria alto valor agregado para os vinhateiros e seria bom para nossos paladares!
ResponderExcluirbelo post, parabéns!
É isso mesmo Leandro.O vinhateiro artesão não é valorizado no Brasil,mas eu sinto que esta situação vai mudar logo em breve.Vamos torcer pelo vinho de autordo Brasil!!!
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