segunda-feira, 2 de abril de 2012

VITICULTORES BRASILEIROS RESPONDEM PRODUTOR PORTUGUÊS DA PERIQUITA


Sobre a entrevista feita pelo jornalista Hugo Cillo, na última edição da revista Istoé Dinheiro, com António Soares Franco, presidente da vinícola José Maria da Fonseca, uma das três maiores produtoras de vinho de Portugal, temos algumas considerações e reparos a fazer:

1) Antes de mais nada, repudiamos as inverdades e os ataques vis disparados contra os vinhos brasileiros, em especial aos milhares de produtores de uvas. Acreditamos que para defender sua posição contrária ao pedido de salvaguarda, não há necessidade de agredir a elaboração de vinhos no Brasil, cuja crescente qualidade tem sido reconhecida por críticos nacionais e internacionais;

2) No Rio Grande do Sul, principal estado produtor de vinhos no Brasil, são elaborados vinhos de mesa e também vinhos finos, ambos de excelente qualidade, cada um em sua categoria de mercado;

3) A afirmação de que “As condições climáticas do Rio Grande do Sul são horríveis para o cultivo da uva. Lá chove demais.” não corresponde a verdade, escancarando o desconhecimento deste senhor sobre a realidade produtiva brasileira, especial do RS. Para começar, o Rio Grande do Sul possui várias regiões vitivinícolas, com diferentes “terroirs”. Temos produção na Serra Gaúcha (que se subdivide em várias microrregiões, como o Vale dos Vinhedos, Pinto Bandeira, Monte Belo do Sul, Altos Montes, Farroupilha, Vale Trentino etc) na Serra do Sudeste, na Campanha Gaúcha, nos Campos de Cima da Serra, entre outras. O clima característico da Serra Gaúcha tem sido reconhecido como perfeito para elaboração de grandes espumantes e, em várias safras, como a deste ano (2012), será excelente também para vinhos brancos e tintos, devido à forte estiagem gerada pelo fenômeno La Niña;

4) Por último, as folhas azuis dos parreirais gaúchos a que se refere este senhor, comprova mais uma vez o desconhecimento sobre o manejo e o cultivo das videiras em nosso País. Nesses casos, a cor azul vista em alguns parreirais é consequência da aplicação de um fungicida agrícola (o sulfato de cobre ou a calda bordalesa), utilizado em todos os países do mundo para o cultivo de uvas orgânicas. Sendo assim, as folhas azuis demonstram a sanidade do vinhedo, indispensável para a produção de uvas orgânicas de alta qualidade. Nas demais videiras, a cor é verde como a bandeira do Brasil (como podem comprovar inúmeras fotos disponíveis na internet);

5) Nossas regiões vitivinícolas estão à disposição para visitas a qualquer momento, como fazem milhares de turistas que se dirigem ao Rio Grande do Sul. 

Atenciosamente,
Olir Schianvenin, coordenador da Comissão Interestadual da Uva e presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua


REPRODUÇÃO
DINHEIRO – Apenas o nicho de vinhos finos será impactado pelo aumento de imposto? 
FRANCO – Sim, mas não podemos dizer que o vinho gaúcho é vinho fino. Não somos concorrentes dos produtores brasileiros que, reforço, já dominam 80% do mercado local, e agora querem 100%. As condições climáticas do Rio Grande do Sul são horríveis para o cultivo da uva. Lá chove demais. A umidade favorece o surgimento de fungos nas parreiras. Existe uma piada entre os produtores europeus que diz que as folhas das parreiras gaúchas são azuis, em vez de verdes, de tanto veneno que se usa para conseguir produzir uva lá. Piada de mau gosto ou não, o fato é que as vendas deles dispararam nos últimos anos. Se os brasileiros querem se tornar uma potência em vinhos, precisa arrumar outro lugar para plantar.



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