sábado, 14 de julho de 2012

Vinhos brasileiros: evolução de qualidade(Maria João de Almeida)


Deu-me gozo ter estado agora no Brasil, em São Paulo, e ter provado vários vinhos brasileiros. Há dez anos estive na região sul do Brasil (Flores da Cunha, Bento Gonçalves, entre outras zonas de vinhas), onde no passado os emigrantes europeus se estabeleceram para fazer vinho, principalmente os italianos, e nessa altura os vinhos eram terríveis! Escapavam alguns espumantes, um ou outro branco, mas nos tintos o cenário era desastroso. De alguma forma eu já pressenti algum potencial. Hoje, a moda dos vinhos brasileiros está mais virada para os espumantes e para os brancos, mas agora já se fazem tintos de algum gabarito, embora se sinta que ainda muito se pode melhorar.

A oportunidade de provar estes vinhos deu-se na sexta edição do Paladar Cozinha do Brasil, o evento gastronómico por excelência organizado pelo mais prestigiado jornal brasileiro, o «Estado de São Paulo», que se realizou no Hotel Grand Hyatt. Durante as palestras e degustações provou-se muita coisa boa, de pequenos e grandes produtores, de castas francesas e até de portuguesas. Vinhos aromáticos e frescos, gastronómicos, como nunca antes se fizeram no Brasil. Valeu a evolução das técnicas na vinha, os produtores e enólogos terem viajado ou estudado fora, valeu a aposta e o investimento das novas tecnologias nas adegas. 

Das provas em que participei gostei da vertical da Vallontano Cabernet Sauvignon Reserva (colheitas de 2000, 2002, 2004, 2005 e 2007, sendo este último sem passagem em madeira). Luiz Zanini, o produtor, estudou na Borgonha, sabe o que está a fazer e acredita piamente na qualidade dos vinhos brasileiros. Outra prova interessante foi a de José Luiz Pagliari, enófilo e colunista do site winexperts e colaborador da revista Prazeres da Mesa, entre outras publicações, que conduziu uma prova de vinhos intitulada «Vinho - Campanha Gaúcha - Brancos e Espumantes», das diversas sub-regiões. Com esta prova conseguimos ter uma noção clara da qualidade destes vinhos e da forma como evoluíram nos últimos anos. «Campos de Cima Espumante Natural extra-bruto» (sem data), «Almadén Riesling 2012», «Quinta do Seival Alvarinho 2012» (este último do enólogo português Miguel Almeida, a trabalhar actualmente para a Miolo), «Salton Virtude Chardonnay 2009» e «Bueno Cuvée Prestige» (sem data), foram alguns dos vinhos provados e que se destacaram. Outros e tantos vinhos, agora tintos (Pizzato Merlot Reserva 2009, Vila Francioni Francesco 2006, Singular Nebbiolo 2006, Salton Talento 2007, Mértolo Gran Reserva 2008, DNA 99 Merlot 2005, Elos Touriga Nacional / Tannat 2008, Don Cândido Documento Merlot 2009, Joaquim Cabernet Sauvignon Merlot 2008…) destacaram-se pela sua qualidade.

A nova polémica sobre os vinhos brasileiros pode de alguma forma vir a travar esta evolução, o que é pena. É que os impostos de entrada no Brasil sobre os vinhos internacionais, especialmente os europeus, é enorme. Muitos líderes de opinião, incluindo chefs de restaurantes, fizeram ouvir-se e baniram das suas cartas o vinho brasileiro. A confusão está instalada. Irá o vinho brasileiro continuar a sofrer com isto ou verá a continuação feliz da sua evolução qualitativa?



3 comentários:

  1. Caro João,
    Esta senhora escreve muita besteira. Li tempos atrás um artigo dela com comentários deselegantes sobre o Brasil e nossos vinhos. Não sei por que ainda a convidam para eventos aqui.
    Abraços,
    Flavio

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    1. Caro Flávio,
      Eu também li o artigo em questão.Alguns críticos vêm ao Brasil e provam os vinhos errados.Quando um crítico é apresentado aos vinhos certos,o resultado é bem melhor.Ela se redimiu com o Brasil ao publicar esse novo texto,reconhecendo a qualidade do vinho brasileiro.

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    2. Caro João,
      Há inúmeros vinhos nacionais de ótima qualidade, assim como muitos vinhos portugueses de qualidade duvidosa. Eu acho que ela até tentou se redimir com este segundo artigo, mas a imagem que deixou com o primeiro foi muito ruim. Bem, mas errar é humano...
      Abraços,
      Flavio

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