A Pinot Noir é tida como um dos maiores desafios da vitivinicultura mundial. Uva caprichosa, difícil no vinhedo e na cantina, fracassou na maior parte do Novo Mundo, gerando vinhos sem qualquer relação com o requinte e a sutileza alcançados em sua terra de origem: a Borgonha. Virou lema a declaração de uma famosa dama do vinho francês, que afirmou não haver Pinot Noir fora da Borgonha.
Recentemente, em São Paulo, um pinot do Novo Mundo inserido às cegas numa avaliação de borgonhas obteve o primeiro lugar, ficando à frente de sete rótulos tradicionais franceses - o que deve ter causado certo mal-estar aos jurados. É provável que em se tratando de um pinot da Nova Zelândia ou do Oregon a notícia corresse o mundo, ganhando as manchetes da imprensa especializada brasileira. Mas o vencedor da prova foi o Fulvia Pinot Noir 2009, um vinho do Rio Grande do Sul, de minúscula produção. O fato imediatamente perdeu o interesse.
Notícias como essa e tantas outras publicadas neste site poderiam contribuir para consolidar do conceito de vinho brasileiro, aumentando o interesse interno por vinhos nacionais de qualidade e incentivando o surgimento de novas iniciativas artesanais voltadas à vinicultura natural (como ocorre na Europa). Mas como não somos anunciantes na mídia, nossa vinícola é aqui (e não na Nova Zelândia ou Oregon), e o preconceito e a desinformação reinam livres, não haverá grande repercussão, a despeito da eventual relevância histórica, cultural ou econômica dos fatos.
Contudo, com um mínimo de informação e interesse pelo país talvez possamos somar forças para combater a via crucis imposta a quem pretende produzir vinhos artesanais no Brasil, conscientizando o público sobre o lobby dos industriais do setor que, com o apoio do governo e o uso de burocracia, está aniquilando a viabilidade de pequenas produções qualitativas em nosso território, destruindo a noção de terroir e relegando a vinicultura nacional a uma grande fábrica de refrigerantes. O Rio Grande do Sul foi agraciado pela natureza para produzir grandes vinhos, mas esse é um fato desconhecido do Brasil e do mundo pois não temos produtores artesanais: as pequenas vinícolas são fortemente desencorajadas. Hoje é mais fácil abrir uma vinícola artesanal no Uruguai e exportar sem entraves para o Brasil do que enfrentar todas as restrições criadas para reprimir a existência de pequenos produtores locais.
Dito isso, conto com sua colaboração para retransmitir esta mensagem ao maior número possível de interessados de sua rede de contatos. O site www.tormentas.com.br e cerca de um e-mail semestral restam nosso único canal de comunicação com o público. É preciso informar que o sucesso do Fulvia Pinot Noir 2009 em comparações às cegas com vinhos tradicionais da Borgonha não se deve apenas ao trabalho sério desenvolvido no Atelier Tormentas, mas principalmente às condições climáticas do Rio Grande do Sul, mais próximas da Europa que do Novo Mundo. Ano após ano, os vinhos do Atelier Tormentas têm confirmado essa tese.
Seu apoio é fundamental e a causa é nobre: precisamos divulgar que nem tudo que acontece no Brasil é tão ruim quanto se pensa.
Fonte : http://www.tormentas.com.br/
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