O vinhedo
Em 2001 adquirimos um terreno em Nova Pádua, RS, na altitude de 750 metros, topo de monte com 4% a 6% de declividade e face Norte-Noroeste, protegido dos ventos frios provenientes do Sul por vegetação natural e, ao Norte-Noroeste por um desnível de 500 metros ate a calha do Rio das Antas, situação que drena excesso de umidade e minimiza riscos de geadas, ao passo que nos proporciona entre 800 e 1000 horas de frio ao ano, ideais ao cultivo de viníferas pinot noir. Nesta situação o período de repouso das nossas videiras é longo, 4 meses do inicio de maio ao final de agosto, e uma consequência é a segurança na obtenção de gemas férteis, uvas com máxima expressão aromática, sanidade e senso de lugar.
Assim como o clima, de transição entre o temperado e o sub-tropical (Cfa/Cfb de Köppen), nosso solo também é uma unidade em transição (um cambissolo) derivado de rochas eruptivas basálticas, o menos fértil dentre os 13 derrames observados no RS. Rico em argilas ferro-silicosas, abundam cristais de quartzo-ametista e basalto em decomposição na fração grosseira, é pobre em saturação de bases, não ultrapassando no geral 50 cm sobre um substrato rochoso totalmente fendilhado, que nos proporciona uma drenagem perfeita.
Na agricultura optamos por unir a nossa formação em Engenharia Agronômica (UFRGS) a tradição em agricultura biodinâmica herdada do lado materno, de origem alemã. Desde o princípio, todos os procedimentos arquitetônicos e agronômicos, do processo de abertura e desenho dos blocos, correção do solo e subsolo em precisão, espaçamentos, densidade, condução, multiplicidade, obedeceram ao princípio de criação de um organismo autossuficiente, a propriedade Vinhedo Serena. Nos dedicamos exclusivamente a pinot noir por entender que é a casta com o potencial de expressar as condições únicas do nosso terreno.
Ao longo dos anos desenvolvemos técnicas, simples e de bom senso, de manejo e manutenção que privilegiam um desenvolvimento radicular extremamente estendido e profundo as nossas videiras, ao mesmo tempo restringindo todo e qualquer excesso de vigor vegetativo. O resultado são os frutos, que nos permitem traduzir no vinho a expressão do terreno e a nossa intenção de perpetuidade.
O Vinho
O microclima no Vinhedo Serena, no Travessão Mützel em Nova Pádua, a 750m de altitude e na borda de um desnível de 500m para a calha do Rio das Antas, nos assegura boa proteção contra as geadas tardias e, ao longo da estação, nos assegura excelente circulação atmosférica contribuindo para a sanidade das videiras e, temperaturas moderadas que raramente ultrapassam os 28 graus centígrados durante o dia revertendo para menos da metade durante o período noturno, proporcionando a gradual e sã maturação das uvas.
Após quatro meses de repouso, via de regra nossa brotação ocorre na primeira semana de setembro e só então a poda de produção é finalizada, em dias de fruta ou raiz, com um objetivo de 6 gemas por videira. Ainda não prescindimos de uma única poda verde, após concluída a floração, com objetivo de eliminar cachos mal posicionados e brotos sem produção. A colheita invariavelmente se dará durante a primeira quinzena de fevereiro, cedo pela manhã, em dias de fruto ou flor, com os compostos fenólicos em plena maturidade e um potencial alcoólico estabilizado naturalmente entre 12% e 12,8%. Nosso rendimento é naturalmente muito baixo, em torno de 14hl/ha (com densidade de 8.000plantas/ha), devido ao rigor com a sanidade na colheita. Nosso potencial de 25hl/ha será atingido gradualmente com as correções de manejo fitossanitario na uva madura que vimos procedendo.
Colhidos, os cachos são gentilmente depositados em pequenas caixas plásticas, com capacidade de 12 kg a 15 kg e refrigerados a caminho da vinificação. As caixas são então descarregadas manualmente, com os cachos inteiros, em nossas cubas de fermentação em carvalho, redondas para maximizar o contato com os sólidos, com capacidade unitária de 1.200 kg. São então por nos mesmos pisadas, suavemente, 3 vezes ao dia nos primeiros três dias, ao cabo dos quais inicia-se espontaneamente a fermentação alcoólica. No período de fermentação turbulenta a massa de mosto e sólidos é gentil e manualmente mesclada duas vezes ao dia e é durante este processo que aproveitamos para subtrair os engaços que se liberam das bagas em fermentação.
Finda a fermentação aparente, entre 7 e 10 dias, a maceração adicional é adaptada a personalidade de cada safra. Após, o vinho é decantado por gravidade e manualmente para barricas de carvalho Frances da máxima qualidade. A proporção de barricas novas é adaptada a personalidade de cada safra (30% em 2011, nenhuma em 2012). Nas barricas o vinho vai realizar espontânea fermentação malolatica, durante a qual "batonage" é semanalmente aplicada. Não usamos trasfegar, o vinho é maturado por 11 a 18 meses nas barricas (18 meses em 2011, 11 meses em 2012), sobre as borras até seu engarrafamento, sem clarificação ou filtração. Uma única correção do SO2 livre, para 25mg/l, é procedida previamente ao engarrafamento que também é manual e por gravidade, em dias de flor.
Saiba mais : vinhedoserena.com
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