"É possível fazer vinho em casa. A uva tem que ser sadia, madura e sã. Uva niágara é uma uva de mesa muito utilizada no Brasil e também pode ser usada pra elaboração de vinho. A uva niágara rende em torno de 70% a 75% de vinho. Então, teoricamente 15 quilos de uva para obter dez litros de vinho”, explica Irineo Dall’Agnol, produtor de vinho, enólogo e responsável técnico do laboratório da Embrapa.
A uva usada na Embrapa é a isabel, mas as etapas da receita são as mesmas para qualquer variedade. Primeiro, as bagas devem ser colocadas em um tacho ou panela. Depois, tudo deve ser espremido. A higiene é fundamental durante toda a receita. Panelas, tachos e mãos precisam estar lavados e limpos.
O suco de uva que vai surgindo é o que os técnicos chamam de mosto. O líquido doce e melado vai entrar em processo de fermentação. Isso ocorre graças ao contato do açúcar das uvas com alguns tipos de fungos que se desenvolvem naturalmente nos vinhedos. Os fungos invisíveis a olho nu também são conhecidos como leveduras.
Alguns dos fungos que vivem na natureza não são bons para o sabor do vinho. Por isso, o enólogo da Embrapa recomenda a utilização de um tipo de sal para fazer uma seleção. O metabisulfito de potássio pode ser comprado em farmácias de manipulação. Ele elimina os fungos indesejáveis e mantém vivos no mosto apenas as melhores leveduras para a fermentação do vinho. A dosagem recomendada é de um grama do produto para dez quilos de uva. “Dissolve no próprio mosto e logo a seguir adiciona à massa de uva”, explica o enólogo.
O material deve ser bem mexido. Em seguida, o líquido e a casca são transferidos para um garrafão de vidro. Nessa etapa, o enólogo aproveita para dar outra dica importante: não é em qualquer panela ou tacho que se presta pra fazer vinho. “Áço inoxidável é o indicado. Vidro também é muito bom. Não é aconselhável usar madeira”, diz.
Para que a fermentação ocorra de maneira equilibrada, o pessoal da Embrapa tampa o garrafão com uma rolha de silicone que contém uma mangueira que fica mergulhada numa garrafinha de água para permitir a saída do gás carbônico que se forma com a fermentação e, ao mesmo tempo, impedir a entrada de oxigênio.
Quem for fazer o vinho em casa pode usar uma rolha comum. O fundamental é fazer um furo e colocar uma mangueira, seguindo esse mesmo modelo. Durante os primeiros cinco dias da fermentação é importante revirar o material duas vezes por dia para misturar a casca e líquido.
No quinto dia é hora de descartar o material sólido que fica boiando e transferir apenas a parte líquida para outro recipiente. Com o líquido já separado, dois cuidados são fundamentais: manter o garrafão sempre bem cheio e a cada dez dias transferir o líquido para um novo recipiente. A medida tem o objetivo eliminar a borra, que é a pasta que se forma fundo do vidro.
O pessoal da Embrapa recomenda que a mangueira para a saída de gás carbônico seja mantida durante pelo menos 40 dias. Quando a água da garrafinha parar de borbulhar o garrafão já pode ser vedado com uma rolha comum, sem furo.
Nesse momento, aos 40 dias, outra medida importante é adicionar a segunda dose de metabisulfito de potássio. Dessa vez, a quantidade usada deve ser de um grama do produto para cada dez litros de vinho.
A partir daí começa a etapa de envelhecimento, que pode durar de seis meses a um ano. Nesse período, o vinho deve ficar fechado em um garrafão ou garrafa comum e mantido em ambiente fresco para desenvolver aromas e apurar o sabor. Passada essa fase, é só servir.
O teor alcoólico de um vinho artesanal varia de 10% a 12%. A Embrapa preparou duas publicações com mais informações sobre o assunto: uma sobre vinho tinto e a outra sobre vinho branco. Cada livreto custa R$ 10 já com as despesas de Correio. Os interessados devem escrever para:
Embrapa
Caixa Postal 130
Bento Gonçalves – RS
CEP.: 95.700-000
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