As diversas formas de pressões sofridas pelos pequenos produtores os induz a praticar a colheita,ordinariamente, fora da época ideal. O risco permanente de mau tempo durante a maturação final, leva-os a retirar a uva dos parreirais prematuramente, obtendo com isso uma matéria-prima empobrecida em potencialidade, ou seja, alta acidez e baixos teores de açúcar, o que acaba redundando em vinho de baixo extrato seco e teor alcoólico muito aquém do desejado.Alguns dos problemas descritos podem ser reduzidos ou até mesmo eliminados quando a colheita e a vinificação estão encadeadas, próximas, atingindo uma produção em escala pequena, caso dos pequenos produtores.Na prática, estando os vinhedos muito próximos ao local de beneficiamento, o agricultor pode acompanhar diariamente e de forma sistemática a maturação das uvas e efetuar a colheita em várias etapas, respeitando a não uniformidade do amadurecimento.Para facilitar ou mesmo certificar o momento ideal para iniciar a vindima, o produtor deve,na hora de temperatura mais amena, munido de um mostímetro e receptáculo, certificar-se dos níveis de açúcar contidos na matéria-prima. A utilização de um refratômetro de bolsos simplifica a inspeção da uva e abrange em menor tempo um maior número de amostras,
embora possua um custo mais elevado.Quando efetivada a colheita, preferencialmente nas primeiras horas da manhã, as caixas plásticas usadas - de 20 Kg – devidamente limpas, não devem ser abarrotadas com uva para evitar-se o esmagamento indesejado do produto. Sendo curta a distância dos parreirais até a cantina pode-se ainda resgatar o uso dos balaios para o armazenamento e transporte. No local de desengaçamento a uva deve ser pesada – ao menos para tirar a média do peso – para posteriormente precisar a quantidade dos demais produtos a serem utilizados (SO2, açúcar, etc.). A soma das condições peculiares em que é feita a colheita,transporte e descarregamento em local apropriado favorece em larga escala a obtenção de uvas selecionadas, sadias e no auge de suas potencialidades, muito superiores portanto, ao complexo sistema industrial de grande monta que acolhe uma matéria-prima heterogênea,exposta em demasia ao sol após a colheita e em fase pré-fermentativa. O pequeno produtor pode, ainda, dar-se ao luxo, se o clima permitir, de manter a uva, ou parte dela, nos parreirais e acompanhá-la rotineiramente até o ponto de atingir o secamento (lignificação) . Na Borgonha,uma das mais famosas regiões vinícolas do mundo, não existem grandes fábricas de vinho .São famílias fazendo grandes vinhos artesanais em milhares de pequenas propriedades . Este modelo deveria ser incentivado na serra gaúcha .
Álvaro Escher
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