sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

O vinho laranja: brancos grandiosos, expressivos e aromáticos.



Os vinhos são divididos em diversas categorias: secos e doces, fortificados, tranquilos e espumantes, varietais e de corte. A cor é outra maneira de se diferenciar os estilos. Há os vinhos brancos, os rosados e os tintos. Sim, mas além deles também existe o vinho laranja, bem mais raro, que nos últimos anos vem ganhando destaque entre os enófilos através do trabalho cuidadoso de algumas vinícolas, principalmente da Itália. São vinhos realmente únicos e cheios de personalidade, do tipo ame ou odeie. 
Apesar de parecer, para muitos, uma novidade, o vinho laranja é justamente o contrário: é um dos estilos mais antigos, produzido há milhares de anos em lugares que estão na origem da bebida, como Armênia e Georgia.
Uma das características do vinho laranja, ou orange wine, em inglês, é o método de produção, que resulta em um líquido de coloração dourada ou acobreada. Na maioria dos casos, quando se vai produzir um vinho branco, logo após a prensagem das uvas as cascas são retiradas. Mas no vinho laranja os enólogos não retiram as cascas, deixando-as em maceração com o suco da fruta, o que lhe empresta a cor característica, muito aroma e sabor, e taninos. Sim, taninos em vinhos brancos. Além de notas minerais e florais, esses vinhos – quase sempre naturais, com leveduras indígenas e sem sulfitos – podem apresentar aromas cítricos e de frutas cristalizadas e secas, além de ervas e especiarias, como tomilho, pimenta-do-reino-branca e açafrão, bem como azeite, podendo apresentar uma untuosidade fantástica. Tudo isso, mantendo frescor e boa acidez. 




Várias uvas podem ser usadas na produção do vinho laranja, mas as que mais se destacam são a Ribolla Gialla e a Trebbiano. 
Trata-se de um vinho que pode – e deve – ser degustadosozinho, ou na companhia de queijos maduros, um bom patê. Mas sua intensidade permite harmonizações ousadas, com ovo trufado, escalope de foie gras, carnes de caça assadas e pratos picantes, como os da cozinha indiana. 
Hoje em dia a Itália lidera a produção mundial deste estilo de vinho, encontrado em áreas vinícolas do norte do país, especialmente o Friuli, bem como em regiões como o Lácio, Úmbria e a Emilia-Romana. Mas também há enólogos apostando no vinho laranja em diversos outros lugares, com destaque para a Eslovênia e os Estados Unidos, além de Croácia, Nova Zelândia e até o Brasil. 
São vinhos raraos em qualquer parte do mundo, e infelizmente não temos muitos exemplares disponíveis no mercado brasileiro. Mas podemos encontrar na importadora Decanter um ícone deste tipo de vinho, o italiano Josko Gravner (na foto), que tem vinhedos não apenas na região do Friuli, mas também do outro lado da fronteira, em terras eslovenas. Ele não apenas mantém as cascas, mas fermenta as uvas em ânforas de terracota, seguindo métodos antigos de vinficação. 
Por aqui também temos o nosso vinho laranja: a pequena vinícola brasileira Era dos Ventos, cujas gararfas são encontradas em restaurantes como o Aprazível, e lojas como a Confraria Carioca, produz um vinho assim, feito com a uva Peverella, que já foi eleito o melhor branco do Brasil.
Também importada pela Decanter, a eslovena Simcic tem uma linha muito interessante para quem quer fugir do óbvio, incluindo alguns vinhos laranja, como o Teodor Belo Selekcija.

 Fonte : http://www.enotecadecanterbc.com.br/

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