domingo, 22 de fevereiro de 2015

Espumante brasileiro ainda tem um longo caminho a percorrer.

A região da Serra Gaúcha tem um grande potencial para a produção de vinhos espumantes finos de qualidade. Este fato é consensual no setor e reforçado pelo grande e crescente número de prêmios que o “espumante brasileiro” vem conquistando no exterior.
Uma evidência ainda maior é o fato de o segmento de espumantes ser o único em que o Brasil vem conseguindo manter uma fatia de aproximadamente dois terços do mercado, no mesmo período em que a fatia nacional do vinho fino caiu de dois terços para menos de um terço
 Mas se é consensual que a Serra Gaúcha tem vocação para a produção de espumantes,reconhece-se também que resta um longo caminho a percorrer para que o mesmo obtenha o
reconhecimento internacional como um vinho emblemático da região. Em outras palavras,para que o espumante
consiga inserir o Brasil de maneira competitiva e sustentável no mundo do vinho, além do esforço de promoção do produto “espumante brasileiro”, muitas questões sobre o próprio produto necessitam ser respondidas. Elas concernem a própria identidade do“espumante brasileiro”, as variedades de uvas utilizadas na sua elaboração, sua tipicidade e características distintivas no seu processo de elaboração ou nas variedades de uva que lhe dão origem. Respostas a estas questões só poderão ser obtidas a partir de pesquisas sistemáticas e intensa atividade de experimentação.

Jaime Evaldo Fensterseifer

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Vinícola Guaspari em Espírito Santo do Pinhal : Mais um empreendimento vitivinícola na Serra da Mantiqueira.

Uma família de origem ligada ao campo, com espírito inovador e empreendedor, chega em 2001 a uma região tradicionalmente cafeeira e identifica condições muito favoráveis à viticultura. Era o começo do sonho que se transformaria na Vinícola Guaspari.

As terras altas de Espírito Santo do Pinhal se tornaram sinônimo da convivência em família e do prazer de estar junto. A paixão pelo vinho e o desejo de retribuir à região toda a alegria proporcionada foram acentuados por uma rica e curiosa combinação de fatores: a semelhança da paisagem da fazenda com a da Toscana, a origem italiana da maioria da população local e da família, o terreno granítico, a oportunidade de adquirir videiras de uma estação experimental e o desenvolvimento de uma nova tecnologia por um pesquisador brasileiro radicado em Bordeaux. Tudo isso, somado à forte devoção pelo Espírito Santo, foram as sementes para que o sonho criasse raízes e começasse a tomar forma.

Em 2006, foram plantadas as primeiras videiras, que ocuparam seis hectares. Eram mudas de diversas variedades francesas, escolhidas em virtude das características do terroir da região. Dois anos após o primeiro plantio, a vinícola foi construída. Tendo nascido em uma antiga tulha de café, com projeto que preservou o estilo arquitetônico das antigas fazendas da região, integrou-se à cultura e à estética locais. O respeito ao seu entorno estendeu-se às preocupações ambientais, como o cuidado com a água e com todas as formas de vida.
O primeiro vinho foi produzido em 2008, de maneira artesanal. Foram apenas 30 garrafas, que reforçaram o potencial do projeto. A partir desse momento, não se mediram esforços para trazer para a Guaspari o que havia de melhor no mercado mundial a fim de atingir o nível de excelência desejado. Especialistas reconhecidos, do Brasil e do exterior, foram envolvidos desde o início na escolha dos caminhos mais adequados. Além disso, o fato de a Guaspari ser a única vinícola da região tornou imprescindível que ela fosse totalmente equipada para atender às normas técnicas e aos padrões mais rígidos de produção e controle em todas as etapas do processo.

Gradualmente a área de plantio de parreirais veio sendo ampliada. Hoje são 50 hectares de vinhedos próprios a partir dos quais todo o vinho é produzido. E a família continua sonhando alto, sempre com os pés firmes nesse pedaço de terra em que nasce uma nova região produtora de grandes vinhos no Brasil.

Além de sensibilidade para perceber o potencial da região, a família entende o ritmo da natureza e a importância do tempo para a evolução dos vinhos e para a maturação do projeto. Seu trabalho reflete o respeito ao terroir, a constante busca pela excelência e o compromisso com o desenvolvimento da região e dos talentos locais.
 
 
Uma das grandes inovações do projeto da Vinícola Guaspari é a transferência da safra para o inverno, quando o clima – amplitude térmica, insolação e ausência de chuvas – é o ideal, semelhante ao das grandes regiões vinícolas do mundo.

A colheita no inverno é possível devido ao manejo de dupla poda: ao invés de uma só poda, são feitas uma poda de formação (imediatamente após a colheita) e, depois, uma poda de produção.

A época da colheita, que ocorre nos meses de julho e agosto, é a mais alegre e intensa do ano, marcando o começo de um novo ciclo na vinícola e o nascimento de uma nova safra. A data exata de seu início é definida apenas no último instante, com base nas análises do laboratório, na observação da equipe de campo e nas previsões meteorológicas.

Os diferentes terroirs que compõem o vinhedo são divididos em parcelas, que são colhidas e vinificadas separadamente. Apenas os melhores cachos são selecionados e colhidos manualmente. As uvas são então transportadas cuidadosamente para que cheguem em perfeito estado à vinícola.

Na Guaspari, uma equipe dedica-se durante o ano todo aos mais de 50 hectares de vinhedo, que são totalmente irrigados a fim de garantir o desenvolvimento equilibrado das plantas. Cada estágio do ciclo de vida das parreiras recebe o meticuloso cuidado de profissionais que foram capacitados por técnicos experientes vindos de Portugal, dos Estados Unidos, do Chile e da Austrália.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

Sopra Vinhos e Espumantes.


Em 2008, o produtor de maçãs Ermano Varaschin queria ampliar a área plantada de seu pomar de maçãs. Natural a opção, já que Vacaria (RS) é responsável por 22% da colheita nacional da fruta. Foi quando ele descobriu que a parcela de solo onde pretendia ter novas macieiras, era muito semelhante ao de Chablis (Bourgogne). 
Ele decide alterar seu projeto inicial. Vai à França e importa mudas de Chardonnay. Voilá! Assim inicia a trajetória de um vinho diferenciado, que mudaria não só a paisagem, mas também, a história do Campos de Cima da Serra. As videiras, localizadas a 950 metros de altitude, cresceram, criaram vida e encontraram o terroir perfeito. E, a cada ano que passa, garantem novos e bons vinhos e espumantes à mesa.
Foi no resgate das origens italiana e homenageando seus ascendentes, que Varaschin encarou este novo desafio como produtor, dando origem as primeiras vistisviníferas nos Vinhedos Entre Rios, nascendo, assim, o vinho Sopra.
Os longos invernos com temperaturas por vezes negativas e os verões secos, garantem uma concentração de aromas e sabores nas variedades de uvas de alta qualidade. "Solos ácidos e argilosos com boa drenagem da água da chuva, ventos constantes, que são secadores naturais das vinhas e a altitude dos vinhedos em relação ao nível do mar, garantem uma vocação natural do terroir para a fruticultura", explica Varaschin. 
 
Vinhedos situados acima dos 950 metros de altitude em relação ao nível médio do mar. Invernos longos e muito frios, com temperaturas por vezes negativas. Verões secos, com calor de dia e temperaturas amenas à noite. Lenta maturação das uvas, que concentra aromas e sabores na fruta. Solos ácidos com boa drenagem da água da chuva. Ventos constantes, secadores naturais das vinhas. Vocação natural do terroir para a fruticultura, comprovada pela intensiva produção de maçãs de alta qualidade (onde tem maçã, a uva vai bem).
   Em linhas gerais, assim pode ser descrito um dos mais jovens e promissores terroirs da vitivinicultura brasileira – os Campos de Cima da Serra, na divisa dos Estados do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. No município de Muitos Capões, a 35 quilómetros de Vacaria, a maior cidade da região, em território gaúcho, estão alguns dos melhores e mais bem conduzidos vinhedos de uvas viníferas deste novo pólo vitivinícola.   
 A produção de uvas que a vinícola Sopra desenvolveu, vem oportunizando também, um outro atrativo, até então desconhecido pela região - o enoturismo. A cidade tem recebido mais visitantes em função da produção. "Onde dá boa maçã, a uva também dá excelentes frutos. Unindo as duas culturas vamos desenvolver ainda mais o turismo e a agricultura na nossa região", avalia o empresário. 
Mauro Zanus, chefe da Embrapa Uva e Vinho, de Bento Gonçalves, reitera a informação. De acordo com ele, Entre Rios, na Argentina e Pomerol, em Bordeaux, na França, são apenas alguns exemplos de localidades onde videiras e macieiras convivem em harmonia. Para acompanhar os vinhos da Sopra, Varaschin e a equipe sugerem um delicioso cardápio com especialidades da região, como o queijo do tipo Grana Padano, pinhão, moranga, maçãs, carne de cordeiro, azeite, vinagre, pães feitos com o trigo de grão duro e outras maravilhas. 

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